Jatai

 (Tetragonisca angustula)

TÓPICO 1

FONTE: Mensagem Doce n° 80 Março de 2005

A ABELHA JATAÍ: UMA ESPÉCIE BANDEIRA?

(Tetragonisca angustula Latreille 1811)

A abelha indígena sem ferrão jataí é abelha das mais conhecidas na América Tropical. Vive desde Missiones na Argentina, até o sul do México (Nogueira-Neto 1970). A primeira citação sobre esta espécie foi feita por H. Müller, em 1875. No início do século XX, outros pesquisadores também se interessaram pela abelha jataí como von Ihering (1903), Mariano-Filho (1911) e F.Muller (1913) etc. Atualmente, dezenas de trabalhos científicos tratam desta espécie de abelha. (Base de Dados da USP-Ribeirão Preto).

Segundo Silveira et al 2002, o gênero Tetragonisca Moure, 1946 têm apenas três espécies reconhecidas sendo duas presentes na fauna brasileira: T. angustula (Latreille, 1811) e T.weyrauchi (Schwarz, 1943), esta com ninhos aéreos. A distribuição geográfica da primeira espécie é bem ampla ocorrendo nos Estados de AM, AP, BA, CE. ES, GO, MA, MG, MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RO, RS, SC E SP. A distribuição da weyrauchi é mais restrita, ocorrendo no AC e RO, acrescida de MT por Nogueira-Neto (Cortopassi-Laurino & Nogueira-Neto 2003) e na Bolívia na cidade de Cobija.

A abelha jataí é das espécies mais adaptáveis em relação ao hábito de nidificação. Vive nas grandes e pequenas cidades, nas florestas virgens e capoeiras, nos cerrados, nos moirões de cerca, nos ocos dos paredões de pedra, etc (Nogueira-Neto 1970). Já foi observada também nidificando em garrafas tipo pet, em ninhos abandonados de pássaros como nos do joão de barro, em caixas de medidores de luz, em frutos tipo cabaça, etc. Entretanto, em ambientes naturais ou pouco alterados, esta espécie utiliza mais comumente ocos de árvores, nidificando, com freqüência, na sua parte basal, ou no “pé de pau” como é conhecido popularmente.

A morfologia da entrada do ninho é típica: um tubo com 3 a 4 centímetros de comprimento, com abertura que permite passagem de várias abelhas ao mesmo tempo, construído de cera ou cerume com pequenos orifícios na parede . A entrada é fechada à noite e só reaberta pela manhã. A presença de várias abelhas sentinelas que ficam voando muito tempo nas proximidades da porta do ninho, também é típica. Raramente e provavelmente associado com épocas de enxameagem ou atividade intensa, a entrada do ninho é composta de duas aberturas .

O fato de esta abelha ser facilmente localizada na natureza, pois constrói seus ninhos em locais de fácil visualização, e de ser manejada com facilidade, adaptando-se muito bem em vários tipos de caixas de observação, fez com ela fosse a espécie de abelha das mais estudadas pela comunidade acadêmica brasileira. Foram levantadas 104 bibliografias específicas, onde a espécie é citada no título do trabalho. Foram consultadas as Bases de Dados do Departamento de Genética da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, campus Ribeirão Preto e a Webofsciece, respectivamente em 12/2003 e 03/2005. Foram acrescidos ainda os dados do III Seminário Mesoamericano sobre Abejas sin Aguijón realizado em Tapaxula, México em 11/2003.

A Base de Dados Bibliográficos sobre Abelhas, arquivada na Faculdade de Medicina da USP-Ribeirão Preto, continha, na data consultada, uma lista de 1604 trabalhos sobre meliponíneos. Os gêneros mais estudados são as Melipona (51,4%), Scaptotrigona (10,9%), Plebeia (8,1%) e Tetragonisca (6,2%) indicando a abundância e a facilidade de uso destes ninhos. Sabemos que as abelhas mais criadas são as Melipona, que produzem maior quantidade de mel e cujo manejo é bem desenvolvido. Quando os espanhóis chegaram ao México, há mais de 500 anos, os nativos já criavam a Melipona beechei. Mas, para a grande maioria das 300 espécies de abelhas identificadas no Brasil, existem poucas informações sobre sua biologia e manejo.

Nessa Base de Dados, o enfoque especial dado à abelha Tetragonisca angustula, mostrou 96 citações, e que esta espécie foi mais estudada sob os aspectos da meliponicultura (19,8% das citações), da biologia (16,6%), da genética bioquímica e molecular (15,6%), e do comportamento (14,6%). Os dados de biologia estão relacionados com as características gerais das abelhas (sistema glandular, feromônios, morfometria, termorregulação, determinação de sexo), enquanto os de comportamento com as atitudes e reações das abelhas em relação ao ambiente (substituição de rainhas, divisão de trabalho, coleta, enxameagem, etc). Estas pesquisas foram disponibilizadas predominantemente na forma de resumos em congressos nacionais (53,0%) e em trabalhos de mestrado e doutorado (14,5%) sugerindo que os aspectos de divulgação deste assunto estão direcionados para um publico específico. Livros para o público em geral são apenas 3,2%, e as informações estão disponibilizadas predominantemente em português (86,2%) e em inglês (13,8%).

Quanto às necessidades que as abelhas têm para sobreviver, podemos citar em primeiro lugar, o local de nidificação. Os ninhos de algumas abelhas reúnem condições tão específicas que ainda não foi possível criá-las em laboratório. Melipona fuliginosa ou uruçu boi é até o momento, um bom exemplo. O ninho sobrevive no tronco de árvores fora da floresta nativa, mas Nogueira-Neto (comunicação pessoal) não obteve bom resultado transportando-as para caixas racionais.

Os meliponíneos nidificam predominantemente em ocos de árvores: 67,5% dos meliponíneos do Panamá (Roubik 1983). Muitas espécies de árvores apresentam ocos, porém algumas espécies são mais utilizadas pelas abelhas. Essa constatação, também feita em algumas regiões brasileiras, indica que devemos saber mais sobre quem são estas espécies de árvores, e que características elas possuem para terem sido escolhidas pelas abelhas para nidificar. O conhecimento destes detalhes favorece a inclusão do assunto no Programa Nacional de Florestas do MMA que pretende realizar a expansão da base florestal plantada e a recuperação de áreas degradadas e favorece o conhecimento dos volumes que cada abelha necessita para viver. As observações indicam que a jataí ocupa volumes entre 2-3 litros.

Algumas observações feitas em zonas preservadas indicam que algumas abelhas nidificam com freqüência na mesma espécie de árvore. Em ambientes perturbados esse aspecto não tem sido observado, talvez relacionado com a maior versatilidade das abelhas que sobrevivem nestes ambientes.

A observação das abelhas nas flores não é só importante para a elaboração de calendários apícolas, mas também com relação às plantas, para se identificar quais abelhas têm maior potencial de polinizá-las. A polinização é o transporte dos grãos de pólen de uma flor para outra, atividade realizada predominantemente por abelhas. Esse assunto tem sido muito discutido nos últimos anos, tanto mundialmente como particularmente no Brasil. Existe uma movimentação global para identificar os principais polinizadores das plantas utilizadas pelo homem. Com esses conhecimentos poderemos indicar para áreas de recuperação e manejo ambiental, as plantas que as abelhas visitam e polinizam, favorecendo o aumento do número de frutos e sementes e acelerando o reflorestamento.

No Brasil, Kerr et al (1996) citam que as abelhas sem ferrão são responsáveis por 40 a 90% da polinização das espécies silvestres de ambientes tropicais e Heard (1999) agrupou os dados sobre todos os meliponíneos que visitaram 90 culturas de interesse para a humanidade. Vários estudos têm demonstrado que estas abelhas são polinizadores efetivos de culturas de morango, tomate, macadamia, rambutã, goiaba, pimentão, etc e que são polinizadores potencias de manga e guaraná entre outros frutos. Mais dados podem ser obtidos na Iniciativa Brasileira de Polinizadores (BPI) acessada em (http://www.webbee.org.br)

Dos produtos das abelhas sem ferrão, o mel tem sido a principal recompensa gustativa e econômica para os meliponicultores. A produção não é tão grande como a de Apis, mas seus preços são mais altos e, portanto mais atrativos nas comunidades locais e bastante procurados nas lojas de produtos naturais. Seu valor medicinal e a sazonalidade da sua produção são fatos concretos. Vasilhames com embalagens constando dados do produtor do mel, sua origem e data de coleta já podem ser encontrados no nordeste do Brasil onde esse comércio é mais expressivo

A reprodução das colônias com sucesso é o apogeu na linha de sobrevivência de qualquer espécie e o conhecimento desta técnica é essencial na meliponicultura. A exploração dos recursos naturais sem causar dano à natureza está inserida no conceito de desenvolvimento sustentado. As abelhas sem ferrão são adequadas a esse conceito porque com poucos ninhos é possível iniciar uma criação ou um meliponário, principalmente através da multiplicação dos ninhos e/ ou da retirada de abelhas campeiras de ninhos naturais.

O maior impedimento ao desenvolvimento dos ninhos de meliponíneos são os forídeos, ou mosquinhas vinagreiras ou ligeiras, que são muito comuns nos locais úmidos ou em épocas chuvosas. Vários modelos de caça-forídeos existem e eles têm em comum o emprego de vinagre, substância que atrai as fêmeas destas mosquinhas. Outros inimigos dos meliponíneos tais como formigas e a cleptobiótica abelha limão (Lestrimelitta sp) não são tão perigosos para as abelhas como os forídeos.

Agradecimentos: Ao professor A.E. Espencer Soares pelo compartilhamento do Banco de Dados, Denise Alves dos Santos e Sandra Camerata, pela digitação das tabelas e Débora Cortopassi-Laurino pela arte final. Auxílio CNPQ 382378/03-2.

Referências Bibliográficas

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BATISTA, M.A. 2003. Distribuição e dinâmica espacial de abelhas sociais Meliponini em um remanescente de Mata Atlântica (Salvador, Bahia, Brasil). Dissertação: Universidade de São Paulo.

CASTRO, M.S. 2001. A comunidade de abelhas (Hymenoptera; Apoidea) de uma área de caatinga arbórea entre os Inselbergs de Milagres (12º53’S; 39º51’W), Bahia. Tese de Doutoramento: Universidade de São Paulo.

CORTOPASSI-LAURINO, M.; ALVES, D.A. & IMPERATRIZ-FONSECA, V.L. 2003. Árboles para nidos de meliponíneos. In: Memorias III Seminario Mesoamericano sobre Abejas sin Aguijón: 99-101.

CORTOPASSI-LAURINO, M. & NOGUEIRA-NETO, P. 2003 Notas Sobre a Bionomia de Tetragonisca weyrauchi Scharz, 1943 (Apidae, Meliponini). Acta Amazônica 33(4):643-650

FREITAS, G.S. 2001. Levantamento de ninhos de meliponíneos (Hymenoptera, Apidae) em área urbana: Campus da USP, Ribeirão Preto/SP. Dissertação: Universidade de São Paulo.

HEARD, T 1999 The role of stingless bees in crop pollination Annu. Rev. Entomol. 44:183-206.

IHERING, H. 1903 (1930) Biologia das abelhas melíferas do Brasil. Bol. Agr. Da Secr. Agric. Est. São Paulo 31:435-506, 649-714

FUKUSIMA-HEIN, YK. CORTOPASSI-LAURINO, M. IMPERATRIZ-FONSECA, VL 7 KLEINERT-GIOVANINI, A 1986. Apicultura no Brasil 2:34-38

MARIANO FILHO, J. 1911. Ensaio sobre as meliponidas do Brazil. Edição do autor.140 p.

MÜLLER, F. 1921. Werke, Briefe und Leben gesammelt und heransgegeben von dr. Alfred Moller. (Obras, cartas e sua vida, colecionadas e editadas pelo Dr. Alfred Moller). 2: p.150-286, 290-213, 317-320, 360, 380, 418.

NOGUEIRA-NETO P 1970 A Criação de Abelhas Indígenas sem Ferrão. Editora Tecnapis, São Paulo 365p

KERR, WE; CARVALHO, GA: SILVA, AC & ASSIS, MGP 1996 Aspectos pouco mencionados da biodiversidade amazônica. Parcerias Estratégicas 12: 20-41

PINHEIRO-MACHADO, C. A., KLEINERT, A.M.P. 1993. Abundância relativa e distribuição de ninhos de meliponíneos (Apidae, Meliponinae) numa área urbana (23o33’S; 46o43’W): dados preliminares. Ciência e Cultura 45(7): 911.

ROUBIK, DW 1983 Nest and Colony Characteristcs of Stingless Bees From Panama (Hymenoptera:Apidae). J.Kansas Ent. Soc. 56(3): 327-355

SILVEIRA, FA; MELO, GAR. & ALMEIDA, EAB. 2002. Abelhas Brasileiras, Sistemática e Identificação. Edição MMA e Fundação Araucária 253p

Por: Marilda Cortopassi-Laurino mclaurin@usp.br
Associação de Defesa do Meio Ambiente de São Paulo (ADEMASP)
Laboratório de Abelhas, Depto de Ecologia, Universidade de São Paulo

TÓPICO 2

FONTE – Dissertação para mestrado (Univesidade Federal de Campina Grande BA)

Tetragonisca angustula (Latreille, 1811) – Jataí

Nome popular: Jataí (Maria seca; mosquitinha verdadeira; mosquisto amarelo)Distribuição geográfica: Amazonas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina.Descrição: É uma das abelhas sem ferrão mais conhecida na América Tropical, sendo também uma das espécies mais adaptáveis em relação ao hábito de nidificação. Vive nas grandes e pequenas cidades, nas florestas virgens e capoeiras, nos cerrados, nos moirões de cerca, nos ocos dos paredões de pedra, etc. Já foi observada também nidificando em garrafas tipo pet, em ninhos abandonados de pássaros como nos do João de barro, em caixas de medidores de luz, em frutos tipo cabaça, etc. Entretanto, em ambientes naturais ou pouco alterados, esta espécie utiliza mais comumente ocos de árvores, nidificando, com frequência, na sua parte basal, ou no “pé de pau” como é conhecido popularmente. A morfologia da entrada do ninho é típica: um tubo com 3 a 4 centímetros de comprimento, com abertura que permite passagem de várias abelhas ao mesmo tempo, construído de cera ou cerume com pequenos orifícios na parede. A entrada é fechada à noite e só reaberta pela manhã. A presença de várias abelhas sentinelas que ficam voando muito tempo nas proximidades da porta do ninho, também é típica. Raramente e provavelmente associado com épocas de enxameagem ou atividade intensa, a entrada do ninho é composta de duas aberturas. O fato de esta abelha ser facilmente localizada na natureza, pois constrói seus ninhos em locais de fácil visualização, e de ser manejada com facilidade, adaptando-se muito bem em vários tipos de caixas de observação, fez com ela fosse a espécie de abelha das mais estudadas pela comunidade acadêmica brasileira. A Jataí possui cor amarelo-ouro e tem corbículas pretas (aparelho coletor onde o pólen é recolhido). É uma abelha muito mansa, no máximo, dá uns pequenos beliscões ou gruda cerume nos intrusos quando se sente ameaçada. Essa característica permite que ela seja criada perto de casa, de pessoas e animais sem oferecer riscos de ataques. O mel da Jataí, além de saboroso e suave, é bastante procurado por suas propriedades medicinais. É usado como fortificante e anti-inflamatório, em particular dos olhos. Além do mel, a Jataí produz própolis, cera e pólen de boa qualidade.

Referências: Nogueira Neto (1997); Silveira; Melo e Almeida (2002); Fonseca et al. (2011); Cortopassi-Laurino (2005); Silva et al. (2014); Antunes et al. (2007).

TÓPICO 3

FONTE – www.abelhasjatai.com.br/as-abelhas-jatai/

Abelha Jataí (Tetragonisca Angustula)

As abelhas jataís, também chamadas de abelhas indígenas, são nativas do Brasil. Pertencem à espécie dos meliponídeos, cientificamente conhecidas por Tetragonisca angustula.

A palavra “jataí” é de origem indígena e vem da língua tupi “yata’ i”. Melipona é palavra de origem grega, méli = mel, pónos = trabalho. As jataís são abelhas pequeninas, sem ferrão e muito cobiçadas pelos apicultores. Encontradas, com freqüência, nas altitudes acima de 500 metros. Produzem mel de excepcionais qualidades: fino, suave, levemente azedinho, que o difere dos outros méis.

Por suas propriedades medicinais, é indicado no tratamento de resfriado, bronquite, glaucoma e catarata, além de ser bactericida e atuar na cicatrização de feridas. Como todos os apídeos, as jataís possuem uma sociedade organizada dividida em: operárias, zangões e rainha.

Operárias: medem aproximadamente 5 mm de comprimento. Têm abdômen dourado, cabeça e tórax de um preto opaco. Não possuem ferrão, todavia têm mandíbulas que usam contra os insetos invasores de suas colônias. Voam em média até mil metros para coletarem néctar, pólen e resina. O número de operárias pode variar desde algumas centenas até 5.000 por colmeia. As operárias exercem várias funções como faxineiras, sentinelas e coletoras.

Zangões: são em número reduzido, em torno de quatro, e são procriados somente na época de soltar nova família. Assemelham-se às operárias, porém de porte maior e abdômen longo; sua função é de fecundar a rainha virgem, depois da fecundação desaparecem.

Rainha: mede 10 mm de comprimento, possui abdômen tão desproporcional que causa pena quando fecundada, o abdômen dobra de volume e ela perde a capacidade de voar. Na época do fluxo nectarífero, sua postura pode chegar a 50 óvulos por dia. A rainha virgem é arisca e voa somente para ser fecundada e formar a nova colônia.

As abelhas recém-nascidas são amarelo-pálidas, muito lentas e não voam. São encontradas durante todo o ano, em maior número na entrada da primavera. As sentinelas que ficam em redor do canudo de entrada podem variar desde algumas até mais de trinta. Nossas abelhas possuem extraordinária capacidade de se adaptarem para nidificar nos locais mais inimagináveis, desde que haja espaço suficiente.

No início da primavera, chegam a fazer até três realeiras (alvéolo maior na lateral dos favos de cria, onde se desenvolverá nova rainha) e soltam famílias, geralmente no início do verão, perpetuando assim a espécie. São extremamente asseadas, não pousando sobre quaisquer dejetos, como fazem as abelhas arapuá, que retiram material para construir seu ninho até de estrume de cachorro.

Raramente coletam água, pois tiram-na do próprio néctar, que é aquoso. A cera é produzida através de glândulas localizadas no dorso do abdômen. As jataís encontradas na natureza, ou em simples caixas, produzem pouco. Criadas racionalmente, podem atingir uma produção anual bem maior, portanto, conhecendo seus hábitos, comportamentos e preferências, pode-se atingir ótima produção.

O ninho possui uma única entrada e raramente aparece mais de uma. É um canudinho de cera com 5 mm de diâmetro e comprimento variável na parte externa que pode chegar a mais de 30 cm. Na parte interna tem aproximadamente 20 cm e, na maioria das vezes, termina com vários orifícios que se comunicam com a parte central do ninho. O canudo de entrada situa-se na posição inclinada; às vezes, quando o enxame fica por muitos anos num mesmo local, o canudo toma a forma de um gancho, porém sempre com o orifício de entrada voltado para cima. Ao redor da base do canudo, elas depositam uma resina viscosa e pegajosa, onde ficam detidas formigas e outros insetos intrusos. A mesma resina é usada também para a calafetagem do ninho.

À noite, nos dias de temperaturas baixas, ou muita umidade na atmosfera, costumam fechar a entrada do canudo com uma película de cera, repleta de furinhos por onde passa o ar que chega ao interior do ninho, através do bater de asas constante das abelhas que, assim fazendo, provocam a circulação do ar. O trabalho externo das abelhinhas somente acontece com temperaturas acima de 22 graus, umidade relativa do ar em torno de 25% e muita luminosidade.
Há dias, portanto, que a entrada dificilmente será aberta, principalmente no inverno ou dias chuvosos. Temperatura, umidade e luminosidade são três fatores primordiais na criação desta abelha. Fato interessante acontece no verão: quando uma chuva repentina se aproxima, elas voltam rapidamente e formam um fluxo na entrada do canudo, num verdadeiro e maravilhoso espetáculo.

As jataís nos trazem satisfação. São carismáticas, atraem nossa atenção e nos fazem deleitar por alguns instantes, quem sabe, às vezes, em busca da razão da nossa existência.

Fonte:http://www.abelhasjatai.com.br/as-abelhas-jatai/

TÓPICO 4

FONTE – Cursos CPT

Jataí (Tetragonisca angustula)

A criação de abelhas Jataí (Tetragonisca angustula) tem se firmado como uma boa opção aos meliponicultores. A Jataí tem algumas vantagens sobre as africanizadas ou europeias, pertencentes à família Apis: é uma abelha bastante rústica, que tem grande capacidade para fazer ninhos e sobreviver em diferentes ambientes, inclusive em zonas urbanas.
A Jataí utiliza os mais variados locais para nidificação. Isso promoveu sua adaptação, inclusive ao meio urbano, o que não ocorreu com a maioria das espécies de abelhas nativas, exclusivas nidificadoras de ocos em troncos de árvores.
Visitam plantas cultivadas e fazem os ninhos em diferentes tipos de cavidades como as de tijolos, caixas de luz, cabaças, latas abandonadas, além de ocos de árvores vivas quando em ambientes mais naturais ou arborizados.
A facilidade que a Tetragonisca tem para ocupar lugares variados para nidificação, adaptando-se às grandes cidades, influencia positivamente o sucesso evolutivo da espécie, mesmo com os grandes desmatamentos e as queimadas constantes nas florestas naturais do Brasil.

Ocorrência: Abelha Jataí é nativa do Brasil, com ampla distribuição geográfica – é encontrada do Rio Grande do Sul até o México.

Morfologia: A Jataí possui cor amarelo-ouro e tem corbículas pretas (aparelho coletor onde o pólen é recolhido). Também, não possui ferrão. É uma abelha muito mansa, no máximo, dá uns pequenos beliscões ou gruda cerume nos intrusos quando se sente ameaçada. Essa característica permite que ela seja criada perto de casa, de pessoas e animais sem oferecer riscos de ataques.

Ninho: O ninho construído pela Jataí é praticamente em forma de disco. Cera e resina separam o ninho como se fosse uma proteção, tanto na parte superior quanto na inferior do núcleo. A essa mistura de cera damos o nome de batume.Os favos são construídos no sentido horizontal, em camadas sobrepostas. Quando as últimas células ainda estão com ovos na parte superior, as que estão na parte inferior arrebentam-se para conviver com as demais, tendo-se, assim, uma sequência de reprodução.Na entrada do ninho é construído um tubo de cera, o qual é fechado durante a noite, deixando-se pequenos orifícios, como uma espécie de teia, a fim de permitir o arejamento interno.

Mel: O mel da Jataí, além de saboroso e suave, é bastante procurado por suas propriedades medicinais. É usado como fortificante e anti-inflamatório, em particular dos olhos. Além do mel, a Jataí produz própolis, cera e pólen de boa qualidade. Em comparação com as abelhas com ferrão, produz menor quantidade, mas o preço de venda é bem maior: um litro desse mel pode chegar a 100 reais. É interessante lembrar que as abelhas armazenam separadamente o pólen e o mel em potes de tamanho semelhantes. Os potes de mel podem ser reconhecidos, porque são mais transparentes, enquanto os de pólen são opacos.

Por Andréa Oliveira.

Fontes: Embrapa, USP, WebBee e Wikipédia

TÓPICO 5

FONTE – Horto Botânico do Rio de Janeiro


Características: É uma abelha sem ferrão de pequeno porte (5mm), muito comum em vários habitats incluindo cidades. Suas colônias podem apresentar de 2.000 a 5.000 indivíduos. Constroem seus ninhos em qualquer buraco de muros, tijolos e árvores, e estes ninhos podem ser encontrados por mais de 35 anos no mesmo local. Assim, podemos dizer que os ninhos são perenes mas as rainhas são trocadas periodicamente. A entrada da colméia é um tubo de cerume e é característica a presença de abelhas guardas ou sentinelas. O alimento é armazenado em potes ovóides. O mel é de excelente qualidade, considerado por alguns como medicinal, podendo-se obter de 0,5 a 1,5 litros de mel/ano de colônias fortes. Estas abelhas podem ou não apresentar comportamento agressivo beliscando a pele e enrolando-se nos cabelos. É uma excelente polinizadora de flores de Fragaria ananassa (morango) permitindo que os frutos se formem perfeitos.

No Horto: Foram observadas visitando flores de: Brunfelsia uniflora, Couroupita guianensis, Sphagneticola trilobata, Myrcia selloii, Ardisia solanacea, Clusia fluminensis, Peltophorum dubium, Jatropha multifida, Jatropha curcas, Coccoloba declinata, Thunbergia erecta, Schinus terebinthifolia, Cordyline fruticosa, Cybistax antisyphilitica, Vitex polygama, Stigmaphyllon vitifolium, Dombeya wallichii, Ouratea cuspidata, Ziziphus jujuba, Psychotria carthagenensis, Solanum argenteum, Aechmea bromeliifolia, Brownea grandiceps, Ixora chinensis, Ixora coccinea, Lantana camara, Pentas lanceolata, Tripodanthus acutifolius e Leea rubra.

Fonte: Horto Botânico do Rio de Janeiro

TÓPICO 6

FONTE – Mensagem Doce n° 119 Novembro de 2012

GUARDIÃS NAS ABELHAS JATAÍ!
Espécie de abelha tem soldados especializados

A abelhas jataí (Tetragonisca angustula),
Uma nova pesquisa acaba de revelar que entre as abelhas jataí (Tetragonisca angustula) existem indivíduos adaptados fisicamente para desempenhar ao longo da vida uma única função: defender a colmeia. Até então, os cientistas achavam que a divisão de tarefas nas colônias fosse baseada apenas na idade das abelhas e que todas, com exceção da rainha, desempenhassem os mais diferentes papéis. O estudo, feito por cientistas do Brasil e do Reino Unido, foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). As informações são da Agência Fapesp.

“Entre formigas e cupins a existência de castas especializadas e fisicamente adaptadas a uma determinada função é bem conhecida e descrita na literatura. Mas entre abelhas isso é um fato novo”, disse Cristiano Menezes, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental e um dos autores do artigo.

Menezes conta que o grupo de pesquisadores realizava outra pesquisa com abelhas jataí para tentar descobrir como elas identificam se um indivíduo pertence ou não à colônia, quando foi notado que as guardas eram bem maiores que as outras. “Foi chocante, pois a diferença era perceptível a olho nu”, contou.

Testes de laboratório não só confirmaram que as abelhas soldados eram 30% mais pesadas do que as forrageiras – encarregadas de buscar alimento – como também revelaram diferenças morfológicas entre as duas castas. “Vimos que as forrageiras possuem a cabeça maior, enquanto as guardas têm pernas mais desenvolvidas. Verificamos ainda diferenças no tamanho do tórax e das asas, porém menos significativas”, disse.

Essas variações físicas, possivelmente, estão ligadas às atividades que cada abelha executa. Como as forrageiras saem da colônia em busca de alimento e precisam memorizar o caminho de volta, necessitam de um cérebro mais desenvolvido. Já os soldados se valem das pernas maiores para atacar o inimigo e imobilizá-lo com própolis. “Novas pesquisas são necessárias para confirmar essa hipótese”, ressalta Menezes.

Os pesquisadores também verificaram que há uma subdivisão entre as abelhas soldados. Uma parte guarda a entrada da colônia enquanto outra fica sobrevoando o local e monitora a chegada de inimigos. Ao todo, a casta representa apenas 1% da colônia – entre 30 e 50 indivíduos -, número suficiente para atender a demanda por defesa.

Rivais

As chamadas abelhas ladras, como as da espécie iratim (Lestrimelitta limao), são as principais ameaças para as jataís. Esses insetos costumam invadir as colmeias de outras espécies para roubar mel, pólen, alimento das larvas e até cera. Mas, como os próprios pesquisadores ressaltam no artigo, embora as jataís sejam abelhas sem ferrão, não são indefesas.

Na segunda etapa da pesquisa, os cientistas analisaram como esses soldados se comportavam diante do ataque de uma abelha ladra. “Com uma pinça especial, pegávamos uma iratim e colocávamos na frente da colônia de jataís. Em instantes as guardas que sobrevoavam a colmeia mordiam a asa da invasora, impedindo-a temporariamente de voar”, contou Menezes.

Como as abelhas invasoras eram maiores e mais fortes que a jataí, geralmente conseguiam levar a melhor. Mas, quanto maior era a guarda, mais tempo durava a briga e mais tempo a colônia tinha para se preparar para a invasão.

Quando a chegada das inimigas era notada com bastante antecedência, contou o pesquisador, as abelhas soldados conseguiam até evitar a pilhagem. Para isso, bloqueavam a entrada da colmeia com resinas, deixando todas as abelhas confinadas por dois dias.

“Nossa hipótese é que os ataques sucessivos de abelhas ladras foram a grande força evolutiva que fez as jataís desenvolverem uma casta especializada em defesa”, afirmou.

Mas essa diferenciação física também tem um custo, alerta o pesquisador. “Indivíduos muito especializados não conseguem desempenhar outras tarefas se necessário. Não conseguem atuar como forrageiras, por exemplo, para atender a necessidades momentâneas da colônia”, explicou.

Até onde se sabe, o caso das jataís é único entre as abelhas. Nas demais espécies, a divisão de trabalho é baseada na idade das abelhas, o que os cientistas chamam de polietismo etário. As operárias mais novas desempenham funções internas, como produzir e manipular a cera, limpar favos, produzir células onde serão abrigadas as larvas, manipular o lixo internamente. Após certa idade, assumem funções externas. Primeiro levam o lixo para fora da colmeia e, por último, tornam-se guardas e forrageiras.

“As funções mais arriscadas são as últimas, pois, se as abelhas morrerem, já desempenharam todas as outras. A perda é menor para a colônia”, explicou.

TÓPICO 7

FONTE – WebBee


Tetragonisca angustula (Latreille, 1811) – jataí


A jataí mede aproximadamente 5mm Tem cor dourada. Sua distribuição geográfica vai do Rio Grande do Sul até o México. As colônias apresentam 2.000-5.000 indivíduos. Os locais de nidificação são: ocos variados em muros de pedra, tijolos vazados, cabaças, ocos de árvore. Bem adaptada à vida urbana, seus ninhos podem ser encontrados por mais de 35 anos no mesmo local. Assim, podemos dizer que os ninhos são perenes mas as rainhas são trocadas periodicamente.

Tubo de cerume rendilhado com base firme. Nos ninhos novos ou fracos, essa entrada é fechada durante a noite. É característico a presença de abelhas guardas ou sentinelas qur ficam voando nas proximidades do tubo, formando uma pequena nuvem. As abelhas campeiras apresentam movimento bem diferente, pois entram e saem do ninho rápida e constantemente. Elas podem entrar carregando pólen nas patas ou néctar no abdome.

Ninho com invólucro de cerume abundante, com várias camadas finas. O alimento é armazenado em potes ovóides. O mel é de excelente qualidade. As jataís constróem as células de cria em forma de favos, geralmente dispostos paralelamente. As células de cria são construídas simultaneamente, em bateria, de modo que ficam prontas para receber o alimento larval todas de uma vez. Muitas vezes as operárias botam ovos tróficos para a rainha, redondos e grandes. A rainha se alimenta desses ovos antes de colocar os seus.

Fonte: Webbee